Saturday, September 24, 2011

Sobre Mulheres e jardins; compartilhando leituras...

Do Livro:
Disponível em arquivo pdf aqui


"Às vezes, com o objetivo de aproximar uma mulher da natureza da vidamorte-
vida, eu lhe peço que cuide de um jardim. Seja ele psíquico, seja ele de lama,
estrume e verdura, bem como de todas as coisas que cercam, ajudam e atacam. Que
ele representa a psique selvagem. O jardim é um vínculo concreto com a vida e a
morte. Seria mesmo possível dizer que existe uma religião dos jardins, pois eles nos
ensinam profundas lições espirituais e psicológicas. Qualquer coisa que possa
acontecer a um jardim pode acontecer à alma e à psique — excesso de água, falta de
água, pragas, calor, tempestades, enchentes, invasões, milagres, ressecamento,
reverdecimento, bênçãos, cura.

Durante a existência do jardim, a mulher escreve um diário, registrando os
sinais de doação de vida e de retirada de vida. Cada registro ajuda a formar uma sopa
psíquica. No jardim, adquirimos prática para deixar que pensamentos, idéias,
preferências, desejos e até mesmo amores vivam e morram. Plantamos, arrancamos,
enterramos. Secamos sementes, fazemos a semeadura, protegemos as plantinhas.
O jardim é uma prática de meditação, a de dizer a hora de alguma coisa
morrer. No jardim, podemos ver chegar a hora de desfrutar e a hora da regressão. No
jardim, estamos nos movendo de acordo com a inspiração e a expiração da grande
natureza selvagem, não contra ela.

Através dessa meditação, reconhecemos que o ciclo da vida-morte-vida é
natural. Tanto o lado da mulher selvagem que dá a vida quanto aquele que distribui a
morte estão esperando um contato amigo, esperando ser amados para sempre. Nesse
processo, nós nos tornamos como a natureza selvagem cíclica. Temos a capacidade de
infundir energia e reforçar a vida, sem atrapalhar o que vai morrer".

(ESTÉS, 1994, p. 131)

1 comment:

Alice Haibara said...

que lindo trabalho!!!! amei o blog! viva a terra criativa! aho la loba!!!